sexta-feira, 25 de dezembro de 2009 | By: Jaqueline Lopes

Ano Novo



Um Bom Ano (?)
Mais um ano que chega ao fim. É comum que nesses dias que antecedem as comemorações finais todas as pessoas comecem a refletir sobre como foi o ano.
Muitas irão contabilizar os gastos e outras os ganhos. Em grandes empresas, grandes levantamentos são feitos, estatísticas, gráficos e metas para o próximo ano. E aí que me pergunto, será que é isso mesmo que devemos avaliar? É comum que a gente só contabilize as coisas materiais, que podemos tocar, mas nos esquecemos daquilo que sentimos.
Em uma conversa ao telefone com uma amiga essa semana, cheguei fiz seguinte pergunta a mim mesma: O que eu fiz esse ano? A resposta veio num estalo: “Entrei na faculdade, me mantive no trabalho e comprei algumas coisas...”. Resposta óbvia demais.
Desliguei o telefone e comecei a pensar: O que REALMENTE eu fiz esse ano? Entrar na faculdade, ter emprego, ganhar dinheiro e conseguir obter alguns bens materiais fazem parte de um bom ano, mas isso não é tudo. Comecei a pensar então, no que realmente importa: Quantos novos amigos eu fiz? Quantos sorrisos eu ofereci? Quantos abraços e beijos eu dei? Quantos foram os momentos em que eu queria que o mundo parasse?
Foi então que cheguei à conclusão que não fiz muito durante esse ano...
Quando comecei a refletir de verdade sobre meu ano, me surpreendi com muita coisa. Quantos “programas de índio”, como ir ao cinema em outra cidade e não conseguir entradas, pneu furado depois de uma formatura, lágrimas de tanto rir de piadas bobas, muitas sessões de filmes regadas à pipocas e conversas jogadas fora, altos papos de relacionamento, lágrimas de saudade, despedidas e reencontros. Enumerar tudo o que acontece em um ano é difícil demais...
O problema é que, por mais coisas boas que tenhamos vivido, sempre ficamos com o gostinho de “quero mais”. Quero mais risos, beijos e abraços. Quero mais momentos em que fico sem ar. Quero mais amigos, mais festas, mais comemorações... Quero mais VIDA!
Um ano se acaba, mas outro vem logo em seguida e esse é o momento de curtir cada momento, para que no final possamos contar mais e mais coisas boas deixando pra trás tudo o que não foi lá tão agradável assim. Afinal, o que é PASSADO lá ficou e vivemos o PRESENTE em busca de um FUTURO melhor!
Feliz 2010 a todos!

Jaqueline R. Lopes



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009 | By: Jaqueline Lopes

Críticas

Não costumo ser uma pessoa crítica. É claro que fazer determinadas observações acerca de determinados assuntos faz parte do ser humano, mas se aprofundar nessas observações e a partir daí gerar discussões e reflexões nunca foi minha praia.
Porém, existem certas coisas no cotidiano que são impossíveis de passar despercebidas. Ora, convenhamos, qual o mal que existe em ser simpático(a) e educado(a)? Ok. Vou explicar...
Ultimamente tenho me deparado com situações que me deixam muito chateada. Por exemplo, no ambiente de trabalho. Eu custo a entender porque existem pessoas que transformam um ambiente rosa (ui!) em negro no prazo de segundos. Custa muito ser simpático(a), falar “oi” e sorrir? Pra mim nunca custou nada e, pelo contrário, quem sempre ganhou fui eu. Ta certo que “dias ruins” afetam todo mundo, seja por stress em casa, noites mal dormidas ou seja lá o que for. Mas isso não acontece todos os dias da semana, do mês, do ano e da vida. Então o que justifica comportamentos antipáticos? Eu tento entender, mas não consigo. Isso vai além da minha capacidade de compreensão.
Outra situação. Trabalho de faculdade.
Todo mundo sabe que as críticas têm o seu lado bom. Mas existem pessoas que simplesmente não as suportam, por menores que sejam. Gente, ninguém é perfeito, todo mundo erra e ninguém nasceu sabendo. Acontece que para trabalhar em grupo, principalmente quando o grupo é grande, as críticas surgirão mesmo e isso é normal. Porém, não aceitar críticas e levar para o lado pessoal, na minha opinião, é infantilidade.
Eu fico pensando, estudo jornalismo e, é claro serei uma jornalista e, é óbvio, escreverei matérias. Eu não posso pensar que meus textos serão sempre perfeitos e que ninguém poderá me criticar. Muito pelo contrário, o crescimento se dá através dos erros e alguém tem que nos mostrar esses erros. O que não pode acontecer é o “achismo” de “fulano não gosta de mim, pois só me critica” e “ele(a) se acha o bom? Ele(a) não é mais que ninguém...”.
Por favor, vamos rever nossos conceitos acerca de nosso comportamento. Nunca estamos sozinhos e ninguém é obrigado a conviver com pessoas chatas. Alguém muito sábio, que eu não sei ao certo quem, dizia: “O problema é seu, mas a cara é dos outros”. Eu completaria dizendo que “o problema é seu, mas quem terá que te suportar serão os outros”. Por isso, não sejamos pessoas insuportáveis, mas agradáveis. Ou será que você não conhece alguém tão legal que gostaria de passar sua vida ao lado dela, só pelo alto astral que ela tem?
Vamos usar essas pessoas como exemplo e segui-las. Mudar o mundo é difícil. Mas ajudar para que isso aconteça, não. E isso depende de cada um de nós: vamos dar o primeiro passo!

Jaqueline R. Lopes
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009 | By: Jaqueline Lopes

NEOQEAV


Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar. A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra “NEOQEAV” num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.
Eles se revezavam deixando “NEOQEAV” escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar. Eles escreviam “NEOQEAV” com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho. “NEOQEAV” era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho.
Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar “NEOQEAV” na última folha e enrolou tudo de novo. Não havia limites para onde “NEOQEAV” pudesse surgir. Pedacinhos de papel com “NEOQEAV” rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam. Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros. “NEOQEAV” era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira.
Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro. Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós. Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida. Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar.
O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam. Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso. Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos. Antes de cada refeição eles davam graças a Deus e bênçãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte.
Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes. Como sempre, vovô estava com ela a cada momento. Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair. O câncer agora estava de novo atacando seu corpo. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa.
Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, orando a Deus para zelar por sua esposa. Então, o que todos nós temíamos aconteceu. Vovó partiu. “NEOQEAV” foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó.
Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez. Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela. Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser.
Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a belezas em igual que aquilo representava.

NEOQEAV” = Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você

(Autor Desconhecido)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009 | By: Jaqueline Lopes

A situação do trabalhador na obra de Chaplin


“Tempos Modernos”, de Charles Chaplin


Produzido em 1936, com roteiro, direção, produção, música e atuação de Charles Chaplin, Tempos Modernos é uma das mais importantes obras desse artista. Com uma inteligência crítica sem igual, Chaplin mostra a vida urbana dos Estados Unidos nos anos 30 e foca principalmente no papel do trabalhador nessa época.
O filme traz como tema central, a vida na sociedade industrial caracterizada pela produção com base na linha de montagem de grandes fábricas da época. Logo no início do filme, a imagem de um grande relógio pode significar uma analogia ao pensamento da sociedade capitalista: tempo é dinheiro. Logo em seguida, a cena da multidão de homens na entrada da fábrica. Impossível não relacionar essa imagem à de um rebanho de carneiros sendo guiado pelo pastor. O Homem sendo “guiado” pelo capitalismo.
Já na fábrica, Carlitos, personagem principal do filme, sofre com toda a pressão da produção industrial. Sua função é simples: apertar parafusos. Porém, os trabalhadores são obrigados a trabalhar no ritmo da máquina e não no ritmo humano. A qualquer distração de Carlitos, todo o trabalho é comprometido. Nesse ponto do filme, é possível fazer uma análise da ideologia de Marx acerca da alienação no trabalho. O trabalhador vende sua mão de obra para uma função, mas não tem idéia de quanto ela vale quando se leva em consideração o produto final, cujo ele sequer tem conhecimento do que seja. Outra cena interessante a ser observada é a que o proprietário da fábrica testa uma máquina de comida, na qual o trabalhador não precisa parar de trabalhar para se alimentar. Esse fato mostra como o proletariado é tratado, como escravos, e que os proprietários das fábricas estão explorando tanto a mão de obra que tentam até criar mecanismos para que eles não parem de trabalhar nem mesmo para comer. Com tanta pressão, Carlitos acaba “surtando” com o trabalho e começa a apertar tudo o que vê pela frente, causando um caos na fábrica. Além disso, ele é tragado pelas engrenagens da maquina na qual ele trabalha. Neste ponto do filme, Chaplin faz críticas sobre a opressão que o trabalho da indústria capitalista causa nas pessoas: o trabalhador se sente “engolido” pelo trabalho.
Depois de tudo isso, Carlitos acaba tendo problemas sérios neurológicos e acaba internado. Isso mostra como esse método de trabalho pode acarretar problemas sérios no ser humano. Ele é comparado ao sistema de uma máquina, onde seu chefe controla tudo o que ele vai fazer e a velocidade de sua produção.
Depois de sair da reabilitação, Carlitos descobre que a fábrica está em greve e ele sem emprego. É nesse ponto que Chaplin mostra que, apesar de toda opressão que o trabalhador sofria nessa época, o trabalho era essencial para sua sobrevivência. Depois de passar por tantos outros problemas no decorrer do filme, Carlitos conhece a menina do cais. Ela rouba comida para não passar fome e também para alimentar seus dois irmãos e seu pai, que está desempregado.
Nas cenas em que os dois estão juntos, o telespectador se comove com os sonhos deles: ter uma boa casa e uma boa vida. Esse é o motivo pelo qual Carlitos luta para conseguir emprego. E é essa outra crítica que Chaplin faz à sociedade capitalista, o desejo de consumo. Mesmo diante de tanta opressão e desvalorização no trabalho, o homem precisa dele para sobreviver e alcançar o status desejado.
Apesar de ser um filme mudo e de caráter humorista, Tempos Modernos é cheio de conteúdo crítico e ideológico, que faz com que o espectador reflita sobre cada momento e cada dificuldade da vida dos personagens e também de como o poder capitalista influencia na vida de cada um deles.

Jaqueline R. Lopes

quinta-feira, 12 de novembro de 2009 | By: Jaqueline Lopes

Matéria de Perfil



Perfil: Fábio Gallacci


Fábio Gallacci, 36 anos, é jornalista. Natural de Santo André, interior de São Paulo, é formado pela PUC de Porto Alegre, onde morou por alguns anos. Foi repórter do Diário do Povo de Campinas e trabalhou no Todo Dia de Americana. Há 12 anos trabalha no Correio Popular de Campinas, sendo que, atualmente exerce a função de repórter especial.
Trabalhando como Jornalista Investigativo, fez a cobertura do caso dos Sanguessugas, ou Máfia das Ambulâncias, com uma série de 41 matérias. Os quase seis meses de trabalho lhe renderam o Prêmio Esso em 2006. Porém, segundo ele, o maior prêmio foi que grande parte dos deputados envolvidos no escândalo não foram bem votados nas eleições seguintes.
Outro trabalho marcante de sua carreira foi quando fez uma matéria em um Clube das Mulheres, especificamente na Alles Bier em Campinas. A matéria consistia em retratar uma noite na boate, na visão de um homem. Para isso, Fábio vestiu-se de mulher e, com a ajuda de amigas e fotógrafos, realizou a matéria intitulada ”Espião de batom invade a toca das lobas”.
Dentre tantas matérias importantes e polêmicas, Fábio ainda dá dicas para ser um bom jornalista e conta um pouco de suas experiências. A profissão de jornalista/ repórter exige dedicação e respeito, além de muita paciência. Ele diz que os repórteres são obrigados a “engolir certos sapos” em determinadas ocasiões, seja quando o pauteiro não concorda com alguma coisa, seja quando uma matéria não tem a repercussão esperada. Além disso, Fábio dá uma dica preciosa aos estudantes: nunca deixar de trabalhar por medo. Sabe-se que algumas matérias podem render ao repórter ameaças de todos os tipos. Mas o segredo é simples: “buscar se cercar de provas a seu favor” seja para escrever uma boa matéria ou simplesmente para se proteger.
Jornalismo é um sacerdócio”, diz Fábio.

Jaqueline R. Lopes